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Outubro Rosa e a prevenção do câncer de mama

Com o Outubro Rosa, chega a necessidade de falar sobre o câncer de mama. Confere o texto que a médica oncologista Daniela Dornelles Rosa escreveu sobre a doença e as formas de prevenção: O mês de outubro

Com o Outubro Rosa, chega a necessidade de falar sobre o câncer de mama. Confere o texto que a médica oncologista Daniela Dornelles Rosa escreveu sobre a doença e as formas de prevenção:
O mês de outubro foi escolhido como o mês de conscientização sobre o câncer de mama desde 1991, quando, em 13 de outubro, aconteceu a primeira Corrida pela Cura, em Nova Iorque, com a participação de 2500 pessoas.

No ano seguinte, além das viseiras cor-de-rosa distribuídas na primeira corrida, a Susan G. Komen Breast Cancer Foundation (ww5.komen.org) distribuiu também laços cor-de-rosa. Nesse momento, o laço foi apenas um detalhe, mas acabou se tornando símbolo indissociável da campanha, dando cor ao mês de outubro.

Em 1997, a corrida passou a acontecer em outras cidades americanas, que começaram a promover atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção do câncer de mama, escolhendo o mês de outubro como foco de suas ações. Todas as ações eram direcionadas à conscientização da possibilidade de fazermos o diagnóstico precoce do câncer de mama, onde há grandes chances de cura. Para sensibilizar a população, inicialmente, as cidades se enfeitavam colocando os laços cor-de-rosa nos locais públicos. A seguir, surgiram ações como corridas, palestras, iluminação de prédios e monumentos públicos, decoração de aviões e eventos culturais, todos com o objetivo de chamar cada vez mais a atenção das pessoas para uma causa tão nobre. A campanha chegou ao Brasil em 2008 por iniciativa da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) e, atualmente, o movimento ocorre em várias cidades brasileiras.


 
 
 
 
 
 
Como podemos detectar o câncer de mama?
A mamografia é o melhor exame de prevenção secundária do câncer de mama, que é um tipo de prevenção onde se detecta a doença precocemente  A realização de mamografia anual de rotina diminui o risco de morte por câncer de mama, porque os casos são diagnosticados em estágios mais iniciais, onde há maior chance de cura. Quando dignosticado em estagio bem inicial (estagio I), as taxas de cura ficam acima de 95%. A realização de mamografia anual é recomendada, pela maioria das sociedades médicas, a partir dos 50 anos. Algumas sociedades sugerem que se ofereça esse exame preventivo a partir dos 40 anos de idade.

E quais são os fatores de risco para ter câncer de mama?
Há vários, por isso chamamos o câncer de mama de doença “multifatorial”. Os principais fatores de risco são:
Idade: o risco de ter câncer de mama aumenta a medida que aumenta a idade;
Sexo feminino: a doença é 100 vezes mais frequente em mulheres do que em homens;
Obesidade nas mulheres que já entraram na menopausa;
– Terapia de reposição hormonal na menopausa;
Atipias da mama (vistas em biópsias de mama);
Menstruar em idade precoce e entrar na menopausa em idade tardia;
Nuliparidade (não ter tido filhos);
– Ter o primeiro filho em idade tardia (maior risco para quem tem mais de 35 anos, quando comparado com menos de 20, menos de 25 e menos de 35 anos);
História pessoal prévia de câncer de mama (ter câncer em uma mama aumenta um pouco o risco de ter na outra);
–  História familiar de primeiro grau de câncer de mama (mãe, irmã, filha);
– Ter mutações genéticas hereditárias (como por exemplo a mutação dos genes BRCA1 e BRCA2);
Uso excessivo de álcool;
Tabagismo;
– Exposição a radiação ionizante para tratamento (por exemplo, quem foi submetido a radioterapia do tórax para tratamento de linfoma).

Mas, assim como há fatores que aumentam o risco de ter câncer de mama, há os fatores de proteção, que reduzem a chance de ter a doença:
Amamentação: para cada 12 meses amamentando, há redução de risco de ter câncer de mama em 4,3%;
Atividade física: embora não haja relação de sedentarismo e câncer de mama, realizar atividades físicas regularmente parece conferir proteção moderada contra a doença, principalmente na menopausa.

 
Fatores da dieta tem sido muito estudados; em vários estudos sobre alimentação e risco de câncer de mama, o uso de álcool é um fator de confusão. Parece que uma dieta rica em vegetais, peixes e azeite de oliva pode reduzir o risco de ter a doença. A ingestão de carne vermelha acima de 5 vezes na semana tem mais associação com outros tipos de câncer (como o de intestino) do que com o câncer de mama e a ingestão de gordura em altas quantidades talvez tenha algum papel em aumentar o risco, mas os resultados dos estudos são incertos.
O excesso de peso corporal é um fator de risco para o aparecimento do primeiro tumor de mama e para o pior prognóstico do tratamento. Isto porque o excesso de peso corporal está associado a alterações metabólicas como aumento da resistência insulínica, inflamação e desregulação do balanço de hormônios sexuais, com aumento dos níveis de estrogênio livre. Em torno de 30% de casos de câncer de mama são passíveis de prevenção com alimentação e nutrição adequadas, atividade física e manutenção do peso ideal. Sendo assim, estima-se que o excesso de peso corporal, frequentemente associado à inatividade física, represente 1/5 a 1/3 das causas de desenvolvimento dos tipos de câncer mais comuns, como o câncer de mama na pós-menopausa.

O Colégio Americano de Medicina do Esporte considera segura a recomendação de exercícios para pacientes com câncer de mama durante tratamento com quimioterapia e radioterapia. Há melhora da capacidade aeróbica, da força muscular, da fadiga, da qualidade de vida de forma geral e, muitas vezes, também há efeito na composição corporal. Após término do tratamento oncológico, manter ou iniciar atividades físicas é bastante benéfico, podendo haver, além dos ganhos já referidos acima, melhora nos sintomas de ansiedade e depressão, prevenção de linfedema do membro superior operado, melhora da imagem corporal, da imunidade e melhora nos padrões de sono.

 
Alguns estudos observacionais sugerem que praticar exercícios antes e após o diagnóstico de câncer de mama pode reduzir o risco de recorrência, ou seja, reduzir a chance da doença retornar. Desta forma, atividades físicas devem ser sempre planejadas para pacientes com câncer de mama, salvo em situações onde haja contraindicações, geralmente por outros motivos. A Sociedade Americana de Câncer recomenda, por semana, pelo menos 150 minutos de exercícios de moderada intensidade ou 75 minutos de exercícios vigorosos, de preferencia espalhados ao longo da semana.

Em resumo, é recomendável manter um estilo de vida saudável, tendo uma dieta equilibrada, fazendo exercícios físicos, mantendo o peso dentro do ideal para sua altura e não esquecendo de realizar a mamografia de prevenção. Nos casos onde há história de câncer de mama na família, é recomendável procurar um médico que possa orientar os próximos passos para prevenir o desenvolvimento do câncer de mama. E, já que estamos em outubro, também é interessante aproveitar pra divulgar todas essas ideias e não deixar ninguém desavisado!
 

                                                                                                                           Daniela Dornelles Rosa 
                                                                                                                                  Médica Oncologista
                                                                                                          Idealizadora do Portal Infomama
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*texto escrito pela médica oncologista Daniela Dornelles Rosa 
 
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