Midia e comportamentos alimentares
Atualmente, encontra-se um número expressivo de pessoas insatisfeitas com o seu corpo, que inclui o peso, o formato, a aparência
Atualmente, encontra-se um número expressivo de pessoas insatisfeitas com o seu corpo, que inclui o peso, o formato, a aparência… Mas a questão que fica é: “por que esse fato parece ser mais comum e intenso nos dias de hoje? A Psicóloga Clínica Aline Sá Copetti faz uma reflexão sobre a mídia e a sua influência na autoimagem e comportamentos alimentares no texto que escreveu para o site.
A partir dessa questão podemos pensar e analisar diferentes pontos que envolvem o desenvolvimento da autoimagem (como cada um se vê e se percebe) e do desenvolvimento de possíveis transtornos alimentares. Um deles é a mídia, que engloba as redes sociais (instagram e facebook), televisão, propagandas, revistas…
A valorização do corpo feminino não é um fenômeno recente, porém o que se percebe é uma mudança no padrão de beleza. As diferentes formas de mídia, a serviço da indústria da beleza, participam ativamente deste processo, difundindo e atendendo as leis do mercado capitalista e os parâmetros criados para um corpo considerado belo, que atualmente é atribuído a imagem magra, jovial e esguia. Este corpo constantemente está ligado à noção de sucesso, de liberdade, de bem-estar e de felicidade, e se torna atributo determinante para aceitação e inserção social da mulher.
Assim, percebe-se que a incidência dos TAs tem aumentado nas últimas décadas, sendo mais observados nos países ocidentais. De forma rápida e eficaz, a mídia promove o consumo e dissemina regras. A magreza vem sendo vista como um reforçador generalizado de status e ascensão social, competência e atratividade sexual, perpassando todas as camadas sociais. O mundo social vem discriminando indivíduos que não seguem os padrões de beleza vigentes em diversas situações cotidianas importantes, exercendo pressão à população em geral. A mesma afeta especialmente as adolescentes, que se encontram em um momento de integração e formação da sua imagem corporal.
A mídia pode incentivar a fantasia em que basta a mulher querer para adquirir a imagem corporal idealizada. A indústria da beleza está se vinculando a ideia que, ao ocorrer uma mudança no corpo, acontecimentos e vivências emocionais negativas irão modificar-se também. Dessa forma, o corpo assume o papel de responsável sobre os eventos negativos que a pessoa está inserida. Há uma validação social diante a regra criada, em que se acredita que o emagrecimento está diretamente ligado ao bem estar emocional e social. Porém, essas questões não são de fato verdadeiras, pois a mídia é responsável por criar esses ideais.
Frente a esse cenário, podemos encontrar diversas meninas que se preocupam diariamente com sua aparência, muitas vezes de forma saudável e mais ligada à vaidade, porém nem todas continuam no caminho da saúde. Assim, se os comportamentos alimentares começam a ser modificados de forma extrema para obter o corpo preconizado pelo mundo atual, transtornos alimentares como a anorexia nervosa, bulimia nervosa, entre outros, podem se desenvolver. E é nesse momento que é essencial ficarmos atentos.
Todos nós desejamos ter uma excelente saúde, um corpo bonito e valorizado, hábitos e práticas saudáveis, todavia, existem meios saudáveis e não saudáveis para obter essas questões. Muitas vezes podemos crer que estamos exercendo hábitos saudáveis, quando, na verdade, já optamos por escolhas intensas, rígidas e padronizadas, não respeitando nosso corpo e estilo de vida. O texto de hoje tem o objetivo de nos fazer refletir sobre nossas práticas diárias, buscando uma vida equilibrada e saudável de verdade, que esteja de acordo com nossos valores pessoais e desejos de vida. Assim, evitamos cair nas ideias idealizadas e inalcançáveis, que, muitas vezes, a mídia pode nos passar. E, por consequência, prevenimos de desenvolver transtornos alimentares e outros relacionados ao corpo e a mente. Sempre é importante buscar ajuda de profissionais especializados caso esteja vivendo um período difícil de vida ou já esteja com prejuízos importantes no seu cotidiano.
Texto escrito pela Psicóloga Clínica Aline Sá Copetti.